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23/03/2012

# Bertrand Brasil # Kathryn Stockett

Kathryn Stockett - A Resposta - Bertrand Brasil


Leituras de Carol nº 624
Título original: The Help

A parceria Mulheres Românticas e Bertrand Brasil não poderia ter começado melhor. Quando a editora colocou a nossa disposição o livro “A Resposta” não titubeamos e escolhemos a história de Kathryn Stockett que apesar de ser um romance de estreia da autora já tinha alcançado os primeiros lugares na lista de bestsellers estadunidenses (ficou mais de 80 semanas na lista dos mais vendidos).

Em “A Resposta” fazemos uma viagem ao estado do Mississipi na década de 60, um dos berços da luta antisegracionista nos Estados Unidos. A Guerra de Secessão tinha terminado há praticamente 100 anos, mas para os negros e negras só era “liberado” o trabalho braçal ou de serviçal doméstico. 

Nesse contexto conhecemos Skeeter, Aibileen e Minny, uma escritora branca e duas empregadas domésticas negras. Entramos em suas vidas, conhecemos suas dores e dúvidas. E principalmente nos rebelamos com as ações da época. Skeeter se sente inquieta, afinal como moça branca com mais de 20 anos o casamento é a única saída, o fato de querer ser escritora não é aceito pela família. Aibillen e Minny estão vivendo as suas vidas... criando crianças brancas e vendo-as virarem-se contra elas mesmas.

O que faz elas se juntarem? Skeeter tem a ideia de escrever um livro, a princípio tem algumas ideias, mas o que realmente a incomoda é o desaparecimento da antiga empregada da casa e o fato de sua amiga Hilly querer publicar no jornal da liga feminina o projeto para que negras e negros tenham banheiros separados dos brancos (normalmente fora da casa principal).

Então porque não escrever sobre como ser uma empregada negra no estado do Mississipi? Ela sabe que as empregadas têm algo a dizer. Há muito custo consegue convencer Aibileen  (que já criou 17 crianças brancas) e esta, por sua vez, consegue trazer para "a causa" Minny, cozinheira que por não levar desaforo para casa já perdeu o emprego várias e várias vezes, o último por causa de uma "Coisa Terrível". O desenrolar dos acontecimentos faz com que outras empregadas dêem seus testemunhos.


Não houve uma linha em que eu não tenha me indignado com as ações da então “Pátria da Liberdade” (pelo visto liberdade só para os homens brancos, cristãos e heterossexuais). 


Uma parte interessante é quando Minny esbraveja contra Mammy (personagem negra do filme E o vento levou...)

Eu não gosto de azaléias e, claro, não gostei de E o vento levou..., por causa do jeito que fizeram a escravidão parecer um grande e alegre chá das cinco. Se eu tivesse feito o papel da Mammy, eu teria mandado a Scarlett enfiar aquelas cortinas verdes no rabo branco dela. Fazer o seu próprio vestido de caçar homem.
Pág 69

São situações como esta que deve nos fazer pensar em como a história é contada não só nos livros oficiais, mas também como os produtos culturais criam um ambiente por vezes fantasioso, mascarando o que de verdade ocorreu.

As citações a Martin Luther King Jr., Medgar Evans e Rosa Parks faz com que você busque mais a fundo quem foram esses lutadores da causa pela igualdade de direitos civis entre brancos e negros.

Mesmo com a indignação permeando meus sentimentos a cada página que lia, posso dizer que Kathryn Stockett acertou em cheio na forma como conduziu a história com um pano de fundo tão controverso e que tem repercussões até hoje (afinal não somos ingênuos para acreditar que o preconceito acabou, não é?).

A Resposta é uma leitura altamente recomendada, principalmente para que percebamos que por vezes os esforços para a mudança começam por nós, mas que devem ser feitos de forma coletiva. 

O filme? Ainda não assisti... quem sabe um dia (risos)


 A capa original e a primeira capa do Brasil (que por sinal é a minha preferida)

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