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28/09/2013

# Intrínseca # Leituras de Cláudia

Lionel Shriver - Precisamos Falar Sobre o Kevin - Intrínseca



Lionel Shriver realiza uma espécie de genealogia do assassínio ao criar na ficção uma chacina similar a tantas provocadas por jovens em escolas americanas. Aos 15 anos, o personagem Kevin mata 11 pessoas, entre colegas no colégio e familiares. Enquanto ele cumpre pena, a mãe Eva amarga a monstruosidade do filho. Entre culpa e solidão, ela apenas sobrevive. A vida normal se esvai no escândalo, no pagamento dos advogados, nos olhares sociais tortos.

Transposto o primeiro estágio da perplexidade, um ano e oito meses depois, ela dá início a uma correspondência com o marido, único interlocutor capaz de entender a tragédia, apesar de ausente. Cada carta é uma ode e uma desconstrução do amor. Não sobra uma só emoção inaudita no relato da mulher de ascendência armênia, até então uma bem-sucedida autora de guias de viagem.

Cada interstício do histórico familiar é flagrado: o casal se apaixona; ele quer filhos, ela não. Kevin é um menino entediado e cruel empenhado em aterrorizar babás e vizinhos. Eva tenta cumprir mecanicamente os ritos maternos, até que nasce uma filha realmente querida. A essa altura, as relações familiares já estão viciadas. Contudo, é à mãe que resta a tarefa de visitar o "sociopata inatingível" que ela gerou, numa casa de correção para menores. Orgulhoso da fama de bandido notório, ele não a recebe bem de início, mas ela insiste nos encontros quinzenais. Por meio de Eva, Lionel Shriver quebra o silêncio que costuma se impor após esse tipo de drama e expõe o indizível sobre as frágeis nuances das relações entre pais e filhos num romance irretocável.

Um livro interessante a respeito da natureza humana. Kevin, um psicopata que mata várias pessoas (inclusive o pai e a irmã) tem sua história contada através do olhar de sua mãe, uma mulher apaixonada pelo marido, mas, que não queria ter filhos.

Nos leva a questionamentos do tipo: Será que todas as mulheres tem espírito maternal?Será que todo assassino em massa sofre abandono e descaso da família? Através das cartas escritas ao falecido marido, acompanhamos a trajetória de amor e ódio entre Kevin e sua mãe. 

Uma leitura intrigante e envolvente, que revela mistérios da alma humana e até que ponto pode chegar a maldade... ou o perdão! Recomendo!

Obs: O livro virou filme em 2012.




Cláudia.


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